Estou me sentindo incapaz de expressar tudo o que tem se passado na minha cabeça. Fico num misto de frustração e auto contemplamento, uma vez que isso só poderá ser observado por mim. Mas que graça tem ir ao cinema sozinha? O velho problema de não se dar bem comigo mesma. Não vou muito com a minha cara, será que alguém pode me acompanhar pra não ficar meio chato? Evitar aquelas situações desconfortáveis em que o assunto acaba e as reflexões começam. Aconteça o que acontecer, não me deixe sozinha comigo mesma, por favor!
 Não me canso de imaginar a quantidade películas que eu poderia compartilhar, consigo imaginar a sala onde isso aconteceria... Pequena e abafada, cheiro de pipoca doce e mofo. Aquela luz amarelada, a imagem tremula com algumas falhas vez ou outra. Poucas cadeiras, agrupadas em diferentes posições e números. Escolhidas por motivos específicos que eu jamais explicaria a ninguém. Uma no centro, na primeira fileira, quatro no canto direito, um pouco atrás, duas perfeitamente alinhadas com a primeira, e por ai vai... Eu rodando a pequena manivela, segurando o riso desesperado que o horror daquelas imagens me despertam, as cores, os traços... O meu pânico em adiantar o filme quando o constrangimento se tornasse insuportável. A minha maneira desajeitada de fazer isso. O desejo constante de que ninguém olhe pra minha cara durante toda a minha exposição. A quantidade de palavras desconexas soltas em meio a música esquisita que a maioria das pessoas não ficariam confortáveis em ouvir... Me proibiria de olhar a feição de cada um que estivesse naquela sala. Talvez nessa situação, nem eu mesmo quisesse ver até o fim, porque ele chegaria uma hora ou outra. Eu acho.
Me pergunto qual é o limite da profundidade de um ser... Me decepciona um pouco enxergar o fundo ao olhar pra dentro, ainda que relativamente distante.
Porém me fascina observar certos abismos com que tenho me deparado... É melhor segurar a minha volta, antes que o vácuo desse todo me engula.

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